terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O encontro de Talestris e Leônidas








TALESTRIS RAINHA DAS AMAZONAS

Sua imagem me perseguiu 
devagarzinho tirei uma a uma tuas armaduras,

sorriste malvado pra mim e me seduziu soltando minhas amarras

e dissolvendo as amarguras

me viraste e me fizeste ver que minha obediência já era sua

me fez dissolver-me em líquidos quentes e fez me gritar... sou sua



LEÔNIDAS REI DE SPARTA

E abracei as escuras, te beijei ao máximo do meu êxtase 
fazendo nossos corpos se tornarem um só corpo. 
Vim deslizando por todo seu corpo descobrindo cada parte tímida sua. 
O suor era inevitável mais se evaporava antes mesmo de caírem. 
E minha boca esfacelada dos seus lábios quentes. 
Ardiam com vontade de quero mais.





Talestris e Leonidas

Já raiava o dia e os amantes não se cansavam

Entre abraços e carinhos

Novamente e mais se amavam

Descobriram que seus corpos se falavam

Muita mais que suas mentes imaginariam

Suas bocas achavam os pontos certos

Suas mãos tinham o toque ideal

Seus sexos se encaixavam

E seus líquidos eram doces aos lábios....










segunda-feira, 7 de dezembro de 2009


Vapor Barato


Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que eu não acredito mais em você
Com minhas calças vermelhas
Meu casaco de general
Cheio de anéis
Vou descendo por todas as ruas
E vou tomar aquele velho navio
Eu não preciso de muito dinheiro
Graças a deus
E não me importa, honey




Minha honey baby
Baby, honey baby
Oh, minha honey baby
Baby, honey baby
Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que eu tô indo embora
Talvez eu volte
Um dia eu volto
Mas eu quero esquecê-la, eu preciso
Oh, minha grande
Ah, minha pequena
Oh, minha grande obsessão
Oh, minha honey baby
Honey baby, honey baby, ah




Ando tão à flor da pele
Que qualquer beijo de novela me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que teu olhar flor na janela me faz morrer
Ando tão à flor da pele
Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser (baby)
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele tem o fogo do juízo final (honey baby)
Um barco sem porto sem rumo sem vela cavalo sem sela
Um bicho solto um cão sem dono um menino um bandido
Às vezes me preservo noutras suicido
Oh, minha honey baby


Ando tão à flor da pele
Que qualquer beijo de novela me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que teu olhar flor na janela me faz morrer
Ando tão à flor da pele
Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele tem o fogo do juízo final
Oh, minha honey baby


Ando tão à flor da pele
Que qualquer beijo de novela me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que teu olhar flor na janela me faz morrer
Ando tão à flor da pele
Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele tem o fogo do juízo final
Baby


Zeca Baleiro

domingo, 22 de novembro de 2009

Um lindo Anjo Negro




Alice se propusera, e sempre que isso acontecia, ela mergulhava de cabeça e ia até o fim.
Uma noite diferente de todas as vividas, era só o que ela queria, uma experiência inesquecível e principalmente para colocar a prova a nova Alice renascida.
Visual repaginado, dona do seu próprio destino, apesar de que sua alma ainda resistia a esse renascimento, ela decidiu sair, dar uma volta e acabar no bar dos seus amigos solidários que já a conheciam e inclusive já a salvaram de embaraços maiores.
Um banho relaxante, veste-se despretensiosamente e estranha a estranha que a mira no espelho. Exagerara no cabeleireiro, pensa ela, enquanto sorri com pesar para aquela Alice do outro lado do espelho. Pronta e satisfeita com o resultado, pega as chaves do seu "Valente" e segue pelas ruas da sua bucólica cidade adotada. Já há certo movimento da noite local. Essa sua primeira saída à deixa extremamente excitada e nesse astral entra no bar, irradiando uma energia extra ao lugar, ela não se apercebe disso, estava excitada demais.
Foi pro cantinho do bar, pediu uma cerveja, escutando a sofrível banda que se apresentava.
Alice se perguntava o que faz uma mulher, sozinha num bar, como deveria agir, como se portar, ela não tinha nem idéia. Beber estava fora dos planos, a banda não ajudava a levantar o astral. O que faço ?... Teimava ela
Ir embora? Ficar? Fazer o que ? Alice suspira, acende um cigarro, isso pelo menos, ocuparia suas mãos e seu pulmão, debochando dela mesma.
Pediu a Jorge, o garçom do bar, papel e caneta e pos-se a rabiscar bobagens no papel.
É quando um homem com seus 30 anos para ao se lado e lhe interroga:
- O q está fazendo?
- Escutando música, responde ela apontando pra banda.
- Digo isso, apontando pros seus rabiscos.
- Rabiscando bo... quando é interrompida por Jorge solicitando o pedido do rapaz.
- Campari e limão, derrete-se ele olhando Jorge. O que nos faz um olhar para o outro imediatamente.
Antes de sair do bar ele para nas minhas costas e diz:
- Diz pra ele que a rodela é bem fininha..., pede ele, que com a parada abrupta da banda, se faz ecoar pelo bar, fazendo com que nós tivéssemos que refrear uma gargalhada em alto e bom som.
- A noite começou bem, ela comenta com Jorge ainda as gargalhadas. É quando ela o vê entrar. Um anjo, lindo, alto, negro, parecia um ator de TV, sua postura, suas roupas, tudo denotava uma grande segurança e presença. Um lindo Anjo Negro.
Jorge o acompanha para uma mesa no deck, o que deixava Alice sem foco.
Mais um cigarro, um gole de cerveja e ela volta aos seus rabiscos. Um globo de luz começa a girar no bar agora sem musica, só as vozes e aquelas estrelas que insistem em piscar no chão negro e em pouco tempo já esquecera a visão que teve.
Tempo depois Jorge chega para lhe entregar um torpedo, dizendo que Alice era a mulher mais bonita do bar, e que ele e os amigos gostariam de pagar uma bebida para ela.
Rindo, ela olhou em volta e viu que só havia ela e mais umas duas garotas acompanhadas no bar, o que deixou a situação mais engraçada ainda.
Mas Jorge nem lhe dera tempo de responder o torpedo, pois ele já tinha a resposta pronta e já dita – De que se ele quisesse lhe pagar bebida que fosse até onde Alice estava e ali se conhecessem... Rindo os dois acordaram de que havia sido uma bela resposta.
Algum tempo após esse episódio, dois rapazes se aproximaram e Alice imaginara que teria partido de algum deles o bilhetinho. Um deles inclusive se apresenta e beija a mãe de Alice, mas não faz menção nenhuma em ficar ali com ela. Aliviada Alice volta pros seus rabiscos, quando sente que alguém a está encarando logo ali ao seu lado, era ele, o lindo Anjo Negro que ela havia visto entrar.
Senta-se ao seu lado e logo entabula uma conversa, ou um monólogo, porque Alice, não consegue o ouvir direito por causa do som alto da banda que desafiava tocar mais um pouco, e se conseguisse também ficaria calada... só o ouvindo, a noite toda.
Alice o convida para o deck, para que possam conversar de fato.
Ele não era da cidade, aliás, estava bem longe de casa, a trabalho e iria embora no outro dia, contou quase toda a sua vida longe dali, falaram de cinema, musica, sobre a cidade dele, sempre olho no olho, face to face. Em nenhum momento ele a deixou em dúvida quanto ao seu interesse, de como estava gostando daquele encontro e de quanto ele queria lhe beijar.
Alice estava com a mente num redemoinho, uma de suas proposições da noite era não se deixar levar e acabar na cama de um desconhecido que noutro dia iria ignorá-la completamente, estava ainda muito magoada pelos últimos acontecimentos e ela queria mudar isso. Mas ao mesmo tempo como resistir a um Lindo Anjo Negro e ele iria embora da cidade no outro dia.
Ela conseguiu se conter e quando havia menos freqüentadores no bar ainda, eles resolveram que já era à hora. Alice ofereceu uma carona até o seu hotel e ele aceitou no ato.
Apesar de Alice perceber que tudo nele era muito certinho, muito presumível arquitetado até, ela imaginou que o interesse nela era real, apesar do seu jeito conquistador.
Antes Alice o leva a um passeio de carro até a beira do mar, ela queria ficar mais um pouco com ele, mas ainda estava em dúvida em como essa noite iria terminar. Estacionou o carro e de frente para o mar ele a beija, um beijo delicioso, quente e macio, acabando no ato com todas as dúvidas de Alice e fazendo com que uma urgência antes não sentida a fizesse ligar o carro e o levar de volta.
Realmente tiveram uma excitante e prazerosa noite. Com fatos consumados no ato e muito carinho um pelo outro. Despediram-se com muitos beijos e ele lhe avisou que partiria dali a 11 horas e que ficaria muito feliz se ela fosse o encontrar antes para despedirem mais uma vez. Com um sorriso e mais uns beijos Alice se despediu do Anjo.
Acordou no outro dia com uma sensação de sonho bom, de estar inteira depois de uma experiência que ela não queria mais repetir e que a estava deixando oca.
Cronos nesse dia foi seu pior inimigo, enquanto as horas passavam e Alice arranjava mil e uma desculpas para ir e umas cem para não ir.
Ela não foi. Ficou em casa entocada vendo as horas partirem junto com o Anjo.

Nei Lisboa - Pra te lembrar


Que que eu vou fazer pra te esquecer?




Sempre que já nem me lembro


Lembras pra mim


Cada sonho teu me abraça ao acordar


Como um anjo lindo


Mais leve que o ar


Tão doce de olhar


Que nem um adeus pode apagar.






Que que eu vou fazer pra te deixar?


Sempre que eu apresso o passo


Passas por mim


E um silêncio teu me pede pra voltar


Ao te ver seguindo


Mais leve que o ar


Tão doce de olhar


Que nem um adeus pode apagar.






Cada sonho teu me abraça ao acordar


Como um anjo lindo


Mais leve que o ar


Tão doce de olhar


Que nem um adeus pode apagar






O quê que eu vou fazer pra te lembrar?


Como tantos que eu conheço


E esqueço de amar


Em que espelho teu


Sou eu que vou estar?


A te ver sorrindo


Mais leve que o ar


Tão doce de olhar


Que nem um adeus vai apagar.






Mais leve que o ar


Tão doce de olhar


Que nem um adeus vai apagar.

domingo, 15 de novembro de 2009

Claro, óbvio...um PA





Alice andava desencantada com o rumo da sua vida amorosa. Estava tão descrente e desconfiada e já não conseguia levar nada a lugar nenhum.
Algum tempo atrás, conversando com sua amiga Betina pelo MSN, ela lhe perguntou por que Alice não arrumava um PA? Que ela havia achado um e que agora não sabia viver sem, fazendo uma propaganda e tanto das sua utilidade e serventia. blá, blá, blá...
PA...? Que raios é isso, pensou Alice. Um novo tipo de vibrador ?...Uma nova droga?...Entre risadas, criaram anagramas especulativos, mas no final seu significado foi revelado.
Alice levara na brincadeira o assunto em um primeiro momento, mas quando a coisa começou a apertar e enquanto ela quisesse evitar um relacionamento, digamos mais sério, ela passa a reconsiderar a dica da amiga.
Começou a pensar nas alternativas e a montar o perfil de um PA satisfatório para ela.
Entrosamento era imprescindível, talvez um trabalhador braçal tosco, mas, cheiroso e bem cuidado, não precisava ser bonito e melhor que não o fosse mesmo, mas tinha uma coisa que era primordial, a disponibilidade, na vida corrida de Alice, com seus horários loucos, esse quesito tinha que ser bem analisado. Sem essas qualidades não seria um PA.
Foi quando Alice lembrou um tempo em que abastecia freqüentemente no mesmo posto de gasolina e como notara os olhares insistentes do bombeiro, mas na época estava apaixonada e não deu chance ao azar. Mas a roda gira e agora solteira e com tal desencanto em seu coração imediatamente o enquadrou.
No retorno de uma festa fez sua amiga parar no citado posto com a desculpa de comprar cigarros. Toda produzida e levemente embriagada, Alice lançou um olhar ao bombeiro que não deixava dúvidas de que ele era a bola da vez. Mas nenhum contato foi estabelecido, além desse.
Voltando de um churrasco com amigos, em que o ponto alto da festa havia sido o banho de uma chuva torrencial que se abatera, acabando com o encontro, num retorno divertido em uma velha Kombi, apelidada de Paz e Amor, devido sua escandalosa pintura anos 70. E, dessa forma, molhada da cabeça aos pés foi estabelecido um segundo contato com seu futuro PA, pois Paz e Amor quebrara bem em frente ao posto em que ele estava trabalhando, obrigando a todos se abrigarem nele.
O bombeiro ficou louco quando viu Alice daquele modo, toda encharcada e descomposta, ela ciente da reação que provocara se dispõe a pegar mais algumas cervejas pro grupo, atraindo o bombeiro para fora do foco de atenção dos amigos.
Plano posto em prova e com sucesso, ele se declara apaixonado desde o primeiro momento que a vira, Alice não esperava aquela reação e diante do rapaz... não sabia se caía na risada ou o levava a serio, optou pelo meio termo e simplesmente lhe sorri quando ele pede seu telefone e avisa entrará em contato.
O que não demoraria nem um dia. Como ele trabalhava a noite, os horários já não se sincronizavam direito, então em um sábado às 7h da manhã Alice o espera em sua casa, provocante e cheia de malicia.
Daí pra adiante encontros loucos eram o que tinham, em horários e locais não programados e, digamos, inusitados. Mas o item primordial para o PA não estava a contento e os encontros cada vez mais difíceis e os "bolos" que ele lhe dava, fizeram com que protagonizassem um tipo de jogo de gato e rato, onde ele a procurava insistentemente e ela não atendia as essas procuras, dezenas de chamadas não atendidas diariamente, mensagens no celular sem resposta era o que ele tinha. Só que isto ao invés de lhe afastar de Alice, fazia com que mais ele se instigasse com aquela mulher.
Estavam nessa há muitos meses, ele a querendo muito, mas não conseguindo preencher o quesito que ela determinara, ele não estava disponível ao estalar de dedos daquela mulher e ela já sem paciência para a indisponibilidade dele. Uma coisa ele sabia, ele a desejava muito em qualquer circunstância, uma coisa ela sabia, ele só perderia seu lugar no momento que ela se apaixonasse novamente e começasse uma nova história de amor.
Vida Longa ao PA pensava a Alice.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Uma aula e algo mais...


Alice percebera que há muito se deixava abater, e percebeu também que ou aprimorava seu lado caçadora ou deixaria partir aquele belo espécime que viera a ser seu instrutor nas aulas de apoio de direção veicular após três sucessivas e desgastantes reprovações no teste.
Como enfrentar essa espreitada ela ainda não sabia, só desejava a caça intensamente.
Negro com olhos lindos e carismáticos, um belo porte e um delicioso corpo moldado por roupas que pareciam ser feitas sob medida para mostrar e esconder o que havia sob elas.
Uma aula apenas era o que tinham, e esse único encontro bastou para que os hormônios de Alice corressem eletricamente por sua corrente sanguínea. Ela já não sabia se a adrenalina que sentia advinha do stress da prova iminente ou se era só pela simples presença daquele homem ao seu lado.
No dia da tão esperada da prova, Alice sentia suas carnes arderem, e um estranho sufocamento de ansiedade a consumia, pegou seu carro e seguiu para o local combinado, imaginando sua chegada a auto-escola, o encontro com o Marcelo, os dois sozinhos indo para o local da prova, ela levando o carro, com a desculpa de se familiarizar com o carro e para deixar a mostra seu par de coxas que ficava a mostra no vestido curto. A única coisa que já não pensava era na prova propriamente dita. Quando uma blitz policial lhe trouxe de volta a estrada pedindo sua máxima atenção. Ao chegar não avistou Marcelo e quando ele veio chamá-la, ela o achou mais lindo que na aula anterior, e para sua decepção, mais três pessoas os acompanhariam no trajeto. Perdera sua primeira chance.
Na hora do teste Alice soube que outro instrutor iria acompanha-los na prova, aquela notícia ao mesmo tempo a decepcionou, a aliviou, pois não sabia a reação da tensão da prova somada ao olhar de Marcelo em sua nuca. Perdera sua segunda chance.
Mas Marcelo era um ótimo instrutor, em uma aula somente, ele conseguiu com que Alice matasse o "Monstro da Embreagem" e ainda conseguira com que cada palavra, toque dado houvesse ficado gravado em sua memória, e o êxito foi absoluto, numa prova com 100% de aprovação Alice conquistara sua primeira Licença para Dirigir.
A caminho da volta, eis que Marcelo surge e os acompanha até onde Alice havia deixado seu carro. Despediram-se num abraço gostoso e foram cada um pro seu lado. Alice perdera sua terceira chance, mas sabia que não seria a última.




Koop Island Blue


Hello my love
It's getting cold on this island
I'm sad alone
I'm so sad on my own
The truth is
We were much too young
Now I'm looking for you
Or anyone like you

We said goodbye
With the smile on our faces
Now you're alone
You're so sad on your own
The truth is
We run out of time
Now you're looking for me
Or anyone like me

Na na na na…

Hello my love
It's getting cold on this island
I'm sad alone
I'm so sad on my own
The truth is
We were much too young
Now I'm looking for you
Or anyone like you




http://www.youtube.com/watch?v=bIcAALr-Zto&feature=player_embedded


Olá meu amor
Está ficando frio nesta ilha
Estou triste sozinho
Estou tão triste 

A verdade é
Nós éramos muito jovens
Agora eu estou olhando para você
Ou alguém como você

Nós dissemos adeus
Com o sorriso em nossos rostos
Agora você está sozinho
Você está tão triste por conta própria
A verdade é

Nós corremos para fora do tempo
Agora você está me procurando
Alguém que gosta de mim

Olá meu amor
Está ficando frio nesta ilha
Estou triste sozinho
Estou tão triste
A verdade é
Nós éramos muito jovens
Agora eu estou olhando para você
Ou alguém como você

sábado, 7 de novembro de 2009

A nada óbvia conquista do Dr. Galo






Alice não era bela por natureza, possuía alguns atributos que lhe conferiam certo ar de sedução e volúpia. O que lhe faltava em beleza sobrava em um mente vivaz e ligada em tudo o que acontecia ao seu redor. O meio digital era um universo sem fronteiras para ela e lhe proporcionava encontros mentais, criativos e imaginativos que lhe atraiam desde que se percebera mulher, e terminava em encontros que a forjariam fêmea.
Dr.Galo era um homem bonito, simpático e como já dizia seu nome, adorava uma galinhagem. Inteligente e conquistador usava flores e seu melhor sorriso para seduzir. O universo digital para ele era uma forma de afugentar a solidão e fazer conquistas... umas virtuais, outras bem pessoais.
Numa tarde morna de domingo, entre uma e outra piada sem graça do Faustão eles se encontraram na net. Despretensiosamente conversaram algumas horas e combinaram um encontro.
Para Alice a aventura já começou ao montar na moto dele... Já que não tinha intimidade nenhuma com esse veículo, mas ao qual adorou a sensação de liberdade e a paz de aproveitar essa liberdade sem ter que conversar ou dar atenção ao motorista.
Ambos abusaram do charme e foram se conquistando em seguidos encontros regados a vinho, ostras e doces... tudo ia muito bem, se divertiam juntos, riam, contavam histórias de tempos idos e programavam tempos a vir. Mas como todo relacionamento que começa no mundo paralelo, quando menos se espera esse mesmo universo virtual se encarrega de interferir , e agiu sobre os amantes.
Alice percebendo que era só mais uma das conquistas de Dr. Galo resolveu cortar o mal pela raiz e o único contato permitido era o telefone, meio mais direto e intimo, onde poderiam combinar os próximos passos e trocar mensagens que só a eles interessavam. De vez em quando até trocavam mensagens pelo site de relacionamentos ao qual se conheceram, Alice adora poesias e as musicas permeiam suas experiências e, ela não se furtava destas demonstrações de carinho e admiração. Postando-lhe Neruda, Alice Ruiz e músicas que lhe lembravam os momentos que passaram juntos.
Mas como toda mulher, Alice também gostava de mostrar suas conquistas as suas amigas, já curiosas em conhecer o tal Dr. Galo que monopolizava a atenção da amiga. Foi quando num desses passeios virtuais descobriu, sob os olhares das amigas, que todas aquelas mensagens carinhosas que havia mandado ao Dr. haviam sido apagadas, todo e qualquer rastro seu foi deletado daquelas páginas, enquanto que outros recados, até mais insinuantes que os seus mantinham-se intactos.
Aquela atitude incomodou Alice e estava longe de ser compreendida por ela. Como não era mulher de deixar passar em branco o que lhe incomodava, foi ao Dr.Galo perguntar o porquê desta exclusão.
Não obteve respostas, somente o silêncio, que depois de dois dias de espera já nem incomodava tanto, mas que deixou mais uma mancha de decepção em sua alma. Não conseguia entender porque não se podia demonstrar carinho entre amantes. Porque isso afastava ao invés de aproximar.
Agradecia a todos os Deuses por não ter se envolvido por demais, agradecia a sorte de ter descoberto esse lado ciscador do Dr. Galo, e agradecia a si mesma, por não esmorecer e ainda acreditar em poesia. Sabia que se deixasse de crer que poesia e romance andavam juntos, já não teria amor pra dar e muito menos a receber. Se Dr. Galo não conseguiu entender a alma de Alice, é porque não a merecia e não poderia amá-la como ela gostaria de ser amada.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Alice estava meditativa, previra dias difíceis e mudanças radicais em sua vida ali, logo na frente.
No trabalho a esperava um desafio de Hércules, em sua vida pessoal havia sofrido uma derrota que a deixara chateada e desmotivada.
Teria que encontrar forças para enfrentar esses tempos novos no seu estoque mais íntimo. A época exigia paciência, ponderação e humildade, sentimentos esses que faltavam nas suas relações, e com ela mesma exigia um exercício de vigilância consideráveis.
Temia que seu velho e conhecido instinto mais primitivo viesse à tona e colocasse tudo a perder... Sua pouca paciência seria posta a prova e o instinto de sobrevivência aliado a certo orgulho que Alice nutria, poderiam detonar emoções incontroláveis e inconvenientes.
Sabia que as mudanças não tardariam e que os resultados dessas mudanças dependiam de suas reações perante elas.
O que ela queria realmente, o que a motivava?... Eram inquietantes questões a serem respondidas. Se posicionar e se adaptar exigia uma sincronicidade e uma certeza interior que a levava a pesar suas escolhas, suas atitudes diante ao seu cotidiano não tão óbvio. Seu senso critico em contrapartida ao seu lado mais “porra loca” já a haviam colocado em verdadeiras sinucas mentais. E a situação pedia controle total...
Orai e Vigiai... já dizia o Mestre, e com essa máxima Alice, entoava um mantra esperando os acontecimentos, eles viriam com certeza, era só uma questão de tempo... Orai e vigiai Alice, oremos todos nós...

terça-feira, 22 de setembro de 2009



MULHER SEM RAZÃO

Saia desta vida de migalhas
Desses homens que te tratam
Como um vento que passou

Caia na realidade, fada
Olha bem na minha cara
Me confessa que gostou
Do meu papo bom
Do meu jeito são
Do meu sarro, do meu som
Dos meus toques pra você mudar

Mulher sem razão
Ouve o teu homem
Ouve o teu coração
Ao cair da tarde
Ouve aquela canção
Que não toca no rádio

Pára de fingir que não repara
Nas verdades que eu te falo
Dê um pouco de atenção

Parta, pegue um avião, reparta
Sonhar só não dá em nada
É uma festa na prisão

Nosso tempo é bom
E nem vemos de montão
Deixa eu te levar então
Pra onde eu sei que a gente vai brilhar

Mulher sem razão
Ouve o teu homem
Ouve o teu coração
Batendo travado
Por ninguém e por nada
Na escuridão do quarto

Ouve o teu coração
Ao cair da tarde
Ouve aquela canção
Que não toca no rádio

O encontro nada óbvio


René Magritte-Os Amantes 1928


Nada aconteceu como nos melhores prognósticos de Alice. Embora soubesse que estava lidando com outro tipo de homem daqueles a que estava acostumada a lidar e podemos até dizer, jogar, Raul era diferente, infinitamente diferente.

Depois de conversarem e trocarem e-mails que os instigava intelectualmente, em menos de uma semana partiram para o encontro.

Depois de alguns desencontros e atrasos estavam frente a frente, ela inquieta, toda produzida e excitada. Ele já meio alto e cansado das maratonas profissionais e sexuais da semana, não deixou transparecer em nenhum momento o que se passava na sua cabeça.

Dos planos que haviam traçado, só o sexo prometido, intenso e selvagem aconteceu. Embora Alice tentasse se convencer que era assim mesmo, que as promessas nem sempre são possíveis de se concretizarem, uma pontinha de decepção se instalou aí. E daí pra frente não conseguiu mais ficar a vontade, perdeu sua espontaneidade e criou uma leve barreira, que não permitia que ela se mostrasse de forma efetiva.

Raul era um cidadão do mundo, possuía uma vasta cultura, tão grande quanto seu círculo de namoradas e amantes. Lindo, descolado e incrivelmente charmoso, apesar de tratá-la com toda consideração e educação, não conseguia deixar transparecer nem seu agrado, nem seu desagrado. Ele era tudo que qualquer mulher pedira num homem, solteiro, inteligente, charmoso, culto e altamente sexual, mas ele não a emocionara. O que houvera entre os dois, foi um encontro entre macho e fêmea, onde, claro, houve alguma troca intelectual, mas basicamente foi um encontro de instintos.

Uma estranha sensação tomou conta de Alice, procurava respostas e não as encontrava. Não queria ficar só nas subjeções que lhe inquietavam, e a deixava mais confusa ainda, mas era só o que tinha.

Alice optou então, em tomar o caminho inverso a todos que já havia tomado. Decidiu pelo mais fácil, deixar as coisas acontecerem no seu próprio tempo, sem sua interferência, e para ela, deixar-se levar sem ditar regras e formas, era um exercício novo e intrigante.

Mais uma vez Alice se deparou com o nada óbvio cotidiano dos amantes. Onde todas as probabilidades apontam para um rumo e a vida os leva pra outro.

Desejo!
Nem sempre o óbvio para os amantes
é visto como algo previsível
As falas todas decoradas do amor
O brega é o exílio dos amantes
dois corpos com massa se atraem
na razão direta de suas massas

pequenasdosesdoreal.blogspot.com

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Adorei a descrição... sim Leo é um caçador nato... por isso é Leo
E se é Leo... não é ele que tece...
D.Aranha tece com esmero e cuidado, cerca, protege e alimenta, é essa a sua maior qualidade, mas com isso Leo não se transforma em sua vítima, Leo acabaria com a teia com uma patada só...ou um urro mais forte, bastaria querer.
Quanto a Gata, essa não se ilude, só foi passear em outros telhados, mais acessíveis e a sua disposição... quanto à solidão, gatos são assim... gostam de ser donos de si mesmos. E assim vão se conhecendo e aperfeiçoando seu faro. E quando sentem cheiro de perigo ficam espertos.
O ecossistema ficará bem melhor sem os miados, quanto às caças de Leo, essas nem uma Gata nem uma Aranha tem o poder de impedir.

Sorte !

Com a palavra D.Aranha

Não se preocupe com a jaula - o grande Leão, é livre, leve e solto! sempre faz o que quer e se não foi pra cama desta vez, ponderou - que não valeria a pena, como disse nesta data....outras virão...então recuperará, por que para o Leo, tudo é carne, ele precisa é de muita carne, já nem se importa com qualidade, uns anos pra cá, quer quantidade!!! e ofertas, nossa, realmente, nossa espécie ta numa carência!!!menina, é um desespero de causa, isso vem inflamar ainda mais o ego de um leão..carnívoro!! e competente no abate! não precisa nem "caçar" - as caças vem pra ele, de mão beijada, ele realmente é um sortudo!!!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O nada óbvio romance de Leo, Gata e Aranha



Peço licença para Alice para contar a história de Léo, D.Gata e D.Aranha. Sim, acertou quem pensou que era uma história ecológica. Leo era uma eremita que tinha em seu território tudo o que queria: lar, amigos bichos, natureza e paz. D.Aranha tecia uma aranha gigantesca a fim de aprisionar e proteger Leo dele mesmo, ao que chamava amor. E D.Gata era uma mulher de muitos amantes, e alguns amores, Leo foi um deles.

Leo e D.Gata se conhecem a mille anni, ainda eram jovens, ambos casados, e cheios de excitação de viver. Dos despretensiosos primeiros contatos, nascera uma parceria de trabalho, que se transformaria em amizade e admiração e, que por fim acabaria em um tórrido romance que fazia com que eles se quisessem sempre, cada vez mais, não importando os anos, se eram casados, se estavam fugidos. Só queriam estar juntos em camas quentes e/ou deliciosos almoços.

Mas Leo era casado, mais do que casado, ele tinha um pacto com D.Aranha, um mal necessário que o protegia dos seus instintos mais animais, e com isso se enredava cada vez mais nas teias que ela tão bem tecia. E durante todo esse tempo, que já não eram contados em anos e sim em encontros memoráveis, eles continuavam se querendo. Já não eram tão jovens, já separaram e casaram novamente, D.Gata partira e D.Aranha respirava mais aliviada. Contudo, a paixão que sentiam os impeliam a ficar juntos. A tranquilade, pacto dos amantes, foi posta à prova.
Após todos esses anos D.Aranha adquirira faro para gatos e Leo foi ficando cada vez mais preso nas teias que tudo sabia, celular? E-mail? Nada passava pela elaborada teia tecida sem que ela soubesse.
O conflito estava armado.
Cada vez mais difíceis de aconteceram, os encontros iam da expectativa que os consumia e precediam à frustração do desencontro, o que os torturava.

Embora D.Gata soubesse que Leo não era fiel e que dedicava atenções especiais à esposa e às outras amantes, ela estava impaciente para encontrá-lo, não queria entrar na teia, mas continuava querendo Leo.

Leo que sabia que D.Gata nunca o colocaria em risco, que ela era seu porto seguro, sua paz e seu gozo mais querido e sentido, aguardava cenas dos próximos capítulos, enclausurado em seu castelo ricamente tecido e protegido por uma D.Aranha que subia pelas paredes a cada miado ouvido ou pressentido.

Chegara a hora de dizer adeus, D.Gata sabia, Leo sabia e D.Aranha continuava subindo pelas paredes.
Foi um adeus frio, distante, através de mensagens que até hoje estão presas em teias de intrigas tecidas pela Aranha.

Melhor assim, pensou Leo.

terça-feira, 1 de setembro de 2009




While My Guitar Gently Weeps


by George Harrison


I look at you all
See the love there that's sleeping
While my guitar gently weeps

I look at the floor
And I see it needs sweeping
Still my guitar gently weeps

I don't know why nobody told you
How to unfold your love
I don't know how someone controlled you
They bought and sold you

I look at the world
And I notice it's turning
While my guitar gently weeps

With every mistake
We must surely be learning
Still my guitar gently weeps

I don't know how you were diverted
You were perverted too
I don't know how you were inverted
No one alerted you

I Look at you all
See the love there thats sleeping
While my guitar gently weeps

I Look at you all
Still my guitar gently weeps...


Presente de um amigo sensível e encantador, num momento perfeito.

Traduzindo....


Embora a minha guitarra suavemente chora

Eu olho pra todos vocês
Vejo o amor adormecido
Embora a minha guitarra suavemente chora


Eu olho para o chão
E vejo que precisa varrer
Ainda minha guitarra suavemente chora

Não sei por que razão ninguém lhe disse
Como se desdobrar seu amor
Não sei como alguém controla você
Eles compram e vendem você

Eu olhar para o mundo
E eu aviso que está girando
Embora a minha guitarra suavemente chora

A cada erro
Precisamos certamente aprender
Ainda minha guitarra suavemente chora

Olhe para todos vocês
Olhe para todos vocês
Olhe para todos vocês
Olhe para todos vocês

Não sei como você foi desviado
Você também foi pervertido
Não sei como você foi invertido
Ninguém lhe alertou

Olhe para todos vocês
Ainda minha guitarra suavemente chora

Olhe Olhe para todos vocês
Olhe para todos vocês
Olhe para todos vocês
Olhe para todos vocês
Ainda minha guitarra suavemente chora

domingo, 30 de agosto de 2009


O encontro daqueles dois foi explosivo, não só pela excitação que sentiram como também pelo álcool que haviam consumido. Quando Alice se deu conta estava aos beijos com Augusto, ali no meio de um bar quase vazio, cercada de amigos, na finaleira da noite. Dos beijos as carícias foi um pulinho e só não chegaram as vias de fato porque provocaram uma pane no carro último tipo de Augusto, fazendo com que a noite terminasse numa carona vexatória acompanhados de mais seis amigos solidários em um modelo POP, o que renderia muitas histórias e risadas por um bom tempo.
Ambos sabiam que certamente se encontrariam novamente, a qualquer momento, pois moravam no mesmo bairro, freqüentavam o mesmo lugar e tinham amigos afins.
Nesse hiato de tempo Alice começou imaginar várias cenas desse rencontro, como seria ficar cara a cara e de cara com Augusto, já que nenhum dos dois procurara alguma forma de contato depois deste episódio.
Em Alice se instalou uma curiosidade e certa ansiedade mental, que formavam um caleidoscópio de possibilidades, em um pólo concluiriam o que começaram, embora Alice não soubesse se era isso mesmo que queria, de outro sem o efeito de várias doses as coisas poderiam mudar completamente de conceito,já que a velha piada do efeito das pessoas depois de algumas doses era uma verdade óbvia...e, entre esses pólos imaginara diversas nuances de fantasias que acalentaram algumas de suas noites solitárias.
Chegara enfim a lua nova e junto com ela, o momento da descoberta.
De cara Alice esperou o momento em que ele entraria pela porta, e à sua entrada Alice logo sentiu o clima de constrangimento que surgira entre os dois, sem falar que eram o alvo daqueles seis amigos, lembram da carona?
Mal se cumprimentaram e cada um seguiu a noite em um canto, numa festa diferente, de vez em quando os olhares se encontravam, mas nenhum dos dois se moveu ou tomou uma atitude em direção ao outro.
Certamente esses dois estão até agora digerindo esse episódio, sabendo que teriam um próximo encontro e que nenhum dos dois conseguiria prever que estava para acontecer.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O nada óbvio mundo masculino


Ah! Os homens, que seres mais estranhos e indecifráveis eles são!
Nas conversar entre amigas o assunto é ou acaba sendo o insólito mundo masculino,que por vezes deixa a mais racional das mulheres confusa e sem saber como proceder, frente as situações mais estrambólicas e inusitadas em que eles se metem.
A velha máxima de que "todos os homens são iguais" caiu por terra quando o grupo de amigas de Alice se reuniu para um happy hour que quase se transforma numa bad trip. Conversa vai, conversa vem, entre uma e outra rodada de chopp começam a dedicar tempo de filosofia de botequim sobre o objeto de desejo de 99% de mulheres... O óbvio mundo masculino.Começam as confidências e nesse momento Marjorie declara, entre assustada e excitada, que estava tendo um caso com um homem casado e conhecido de todas as amigas presentes. O silência instala-se na mesa, algumas temem por seus maridos herois de Atenas,outras pelos maridos das outras.
Confusão armada, começam as especulações, cada uma tem um palpite e como não chegam a nenhuma conclusão,Marjorie é intimada a dizer o nome do "Santo".
- O nome do "Santo" eu não digo, mais posso contar um detalhe...
Excitadas pela curiosidade e pela nova rodada de chopp que acabará de chegar a animação do grupo já atiça a atenção e a curiosidade das mesas ao seu redor.
Foi quando Marjorie joga a bomba: - Ele tem um piercing naquele lugar !!!!
Na mesa ao lado ouve-se um copo espatifando-se ao chão, novamente o silencio instala-se na mesa. Atrás de Marjorie está nada mais, nada a menos, do que a esposa do dito "Santo", que nem fora percebida pelo grupo. A frente de Marjorie, Alice tenta se refazer do susto de saber que seu nada "Santo" amante, aquele que ela dedicara a tarde em orgias e fantasias era o alvo daquelas duas mulheres.
Alice lembrou no ato de Nelson Rodrigues que acreditava que a unanimidade é burra e pensou que nem todos os homens eram iguais, alguns são bem piores.
Quanto as meninas ?
A esposa sai correndo aos prantos do bar e deve ter provocado a maior briga em casa. Marjorie ficou em choque e recebeu o apoio das amigas, sempre solidárias. Alice se safou da vergonha pública de também ter caído na lábia do "Santo"! Prometendo a si mesma ficar mais esperta e safa daqui para adiante.
E quanto a ele ?
Ficou sem as três, mas logo ...logo reinicia seu harém. A vida é assim.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009



Ao sol de uma linda manhã de domingo, Alice pegou o jornal e logo procurou sua coluna preferida, a seção de Horóscopo, que assim dizia: “Há coisas que não são para serem entendidas, mas sim aceitas e vistas como uma oportunidade de crescimento”.

Naquele momento Alice sentiu sua ficha caindo... Pressentiu que estava muito perto de conhecer suas motivações, aquilo que a impelia, a inquietava, aquilo que a fazia perder noites de sono em pensamentos sem fim.

Todo essa inquietação tem um motivo de ser - Pensava ela.

E nessa hora, ela se viu. Estava tão óbvio, a todo o momento. Mas pela primeira vez ela se viu inteiramente, nua e crua. Viu seu lado mais crítico dizendo ao outro – Olha, eu sou legal seja legal comigo, aja como eu ajo, faça com eu faço, deseje como eu te desejo, veja-me como eu te vejo, goste do que eu gosto – E eram tantos eus, tantos quereres seus, que era difícil ela ver o outro.

Também percebeu as relações humanas, suas limitações, a carga de expectativas que colocamos no outro, as loucuras que fizemos e as muitas vezes que colocamos nossas vidas e nossos destinos em suas mãos.

E nessa visão ela percebeu o que motivava suas atitudes, suas dores, sua incompreensão.

“Há coisas que não são para serem entendidas, mas sim aceitas e vistas como uma oportunidade de crescimento” - Isso não poderia ser uma simples coincidência, soava como uma ordem, uma força imperativa. E veio em resposta exata.

Conselho sábio, apaziguador, justo. Aceitar o outro como ele é, separar o eu para poder ser nós. Receber e dar o que se tem de melhor sem importar para quem ou porque ou se vou receber a justa paga por isso, isto está em sintonia com o universo. Como um bumerangue que começa tão lindo rodopiando pelos céus e se não tivermos cuidado poderá cair em nossa cabeça, devemos promover o que esperamos receber.

Alice já dera seu melhor e também o seu pior, e suas maiores dores físicas, mentais e espirituais proviam do seu pior, disto ela tinha certeza.

Aceitar e agradecer. É tão mais fácil e seguro. Aceitar um sorriso apenas como algo precioso. E assim, Alice renascera mais uma vez. Um pouco mais sábia, um tanto mais calma, mas principalmente completamente em paz.

"Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre"
Clarice Lispector

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A arte nem tão óbvia da conquista.

A vida de descasada tem seus prós e seus contras. Alice já sabia isso, já não era a primeira e, ela sabia, nem a última vez que um relacionamento seu iria acabar.

Essa sua “nova” vida poderia ser comparada às fases de Lua: A cheia era acompanhada da abundância de sentimentos, pessoas e acontecimentos, nas minguantes era tomada pela meditação e pelo ostracismo, já na nova as descobertas, a florescência e finalmente na crescente as inúmeras possibilidades se descortinavam a sua frente.

Em uma dessas fases cheias ela e amigas saíram para a balada, enfeitou-se, perfumou-se e colocou seu melhor decote, a noite prometia e sua ânsia de entrega também. Olhares pra cá, olhares pra lá e nada acontecia. Mas isso não a preocupava, sabia que a lua cheia iria lhe propiciar um belo encontro. E quando menos esperava e nem mais olhares mandava, pintou o carinha que iria lhe encher de beijos e carinhos.

Na arte da conquista a ansiedade afasta, retrai, repele o objeto de desejo. Quanto mais se quer, menos se tem. E Alice a esta altura de sua vida já percebia isso. Assim como percebia também que as palavras e gestos de sedução iriam durar até que fossem pra cama e saciassem seus instintos. Depois disso e perante três palavras fatídicas: EU TE AMO, cessariam as flores, os poemas, as músicas e tudo aquilo que encantava antes no parceiro passaria a ser motivo de desconfiança ou feneceria.

Sua exuberância e sexualidade, as festas, sua segurança e intensidade com a qual encarava a vida, tudo que antes conquistava, após a constatação de que se apaixonara lhe eram tolhidas e muitas vezes seriam o motivo das separações. O que atraia, agora repelia. Isto não estava em sintonia com a natureza, pensava Alice, se você ama uma orquídea lilás, porque querer que ela se transforme numa margarida do campo?

Será que para conquistar temos que esconder nossos sentimentos e essência?

Conquistar não é se entregar... muitas vezes é se esconder, é sonegar. Como entender e conviver com essa incongruência humana.

Alice decidira, sua vida seria uma conquista constante, queria ser conquistada e reconquistada e só seria merecedor do seu amor quem tivesse sensibilidade para perceber, entender e aceitar isso.

Essa música do Chico Buarque e do Tom Jobim, é o retrato de que realmente as coisas mudam...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009



Alice sempre foi uma mulher de muitos amantes, muitas camas e muitos amores.

Alguns tornaram-se grandes amigos, outros apesar da distância deixaram a lembrança de tórridos ou amorosos encontros, mas a maioria se perdeu na estrada e, deles não restou nada.

Entre um amor e outro ela experimentava a vida na sua plenitude orgástica, bebia a vida em grandes goles e saciava sua sede de novas experiências.

Buscava nos corpos o calor que a sua alma exigia, se entregava de tal forma que encantava ou assustava. Delicias de noites, surpreendentes tardes ou aconchegantes manhãs de inverno,onde ela era a Rainha absoluta.

Depois voltava ao seu cotiadiano mais óbvio de casa, familia e trabalho, muitas vezes com o rosto radiante e o corpo satisfeito, outras com um sabor amargo na boca.

Isso não lhe causava culpa ou arrependimento, mas sim um sentimento de poder, de ser dona absoluta de seu corpo e da sua sexualidade.

Se sentia saciada e feliz por não se corromper pela ignorância e hipocresia da moralista sociedade,que nega a si mesma prazeres que transformariam suas vidas.


terça-feira, 4 de agosto de 2009

Alice pôs-se a pensar sobre esse sentimento de não pertencer a nenhum grupo, ser avulsa, estranha a todos e, depender de que “amigos” a convidassem a participar dos seus clãs.
Não era do grupo dos motores, já não pertencia ao grupo das casadas, ainda não havia formado o seu grupo e não circulava pelo grupo familiar. Já estava nos quarenta e recomeçava, tudo de novo.
Esta sensação de isolamento acreditava ser normal para quem com a cara e a coragem escolheu morar longe da sua terra, dos seus amigos e familiares, mas mesmo assim...essa normalidade estava causando dor e confusão.
A vida não é uma festa eterna – pensou ela - você não pode ser convidada para todos os eventos e badalar que nem sino, até porque essa situação se não vem acompanhada de um grupo do qual você faça parte, deixa um vazio enorme!
Mas também ela se questionava sobre as relações que mantinha, em como agia com o outro e de como ele agia ou reagia.
Acreditando ser uma pessoa que tem por hábito se colocar no lugar do outro e ponderar suas razões, ela tendia a agregar e interagir, e não se percebia simplesmente vivendo sua feliz vida sem se importar que solidão estaria vivendo algum amigo. Os colocava em seu colo, partilhava dores e na medida do possível procurava ajuda-los com palavras de carinho, ânimo, conforto, e apesar de seus parcos recursos, suas necessidades mais imediatas, sem perguntar pra que, onde ou como.
Nestes dois últimos meses Alice viu ruir muitas coisas importantes, viu máscaras caindo... Inclusive as suas.
Do seu consciente abriram-se janelas de entendimento das muitas coisas que ocorreram a sua volta. Compreendeu que amigos não são aqueles dos pilequinhos, mas sim aqueles que nos dão a mão e nos guiam, nos ajudam a crescer nas horas mais difíceis. Como nesse momento em que vomito a solidão em letras.

Já não pertenço a grupos, tenho amigos, solitários e solidários, uns poucos que hoje trilham diariamente ao meu lado, os do meu coração que estão distantes, mas sempre tão presentes e importantes.




A eles dedico Paulo Leminski:


eu


quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora

quem está por fora
não segura
um olhar que demora

de dentro de meu centro
este poema me olha

E Gonzaguinha !

domingo, 2 de agosto de 2009

Um segundo olhar sobre o óbviio



Algo incomodava Alice profundamente nos últimos dias, inquieta, pensativa, emotiva... ela não conseguia chegar ao ponto detonador, mas sabia que estava perto.
Revia toda sua vida como flashs de um filme...um não...vários !
Comédia, drama, terror, violência, aventura e pornografia juntos em um só filme, seria um best! Mas nenhum autor conseguira alcançar tal êxito.
Certa noite fria e chuvosa, o sono vagou junto a pensamentos não muito óbvios, que a deixaram inquieta e de sobreaviso. Começou a se questionar sobre o dar e receber na vida, nas relações fraternas, nos relacionamentos mais íntimos.

Lembrou Fernando Pessoa que afirmou que "tudo vale a pena quando a alma não é pequena" , e verificou que se valia desta máxima poética. Relia seu cotidiano mais óbvio, procurando o que não ficou óbvio em uma primeira leitura.
Nele, ela encontrou pessoas que usaram essa sua disponibilidade para saciar seus egos, seus desejos e suprir suas necessidades mais emergentes, não se dando conta que a vida é um dar e receber infinito.
Uma troca eterna.
É - pensou ela - ultimamente tenho mais dado do que recebido...

Não que isso representasse uma reclamação, mas sim uma constatação de que em algumas de suas relações o individualismo e a competição atuaram de forma inexorável em sua vida. Deixaram marcas que nem mesmo ela havia percebido.

Dar é divino, receber aquece o coração. Saber a quem dar é iquestionável, vem do coração, saber de quem receber já consiste numa colheita, e, em como toda plantação há vários fatores externos que interferem no processo. Chuva, frio, seca, temperaturas tórridas, pragas... nunca saberíamos, sempre algo poderia nos pegar de surpresa.

Alice sabia que precisava abandonar velhos habitos, certas pessoas, e continuar sua busca por suas verdades interiores e seguir reta e tesa em busca da sua lenda pessoal
.






Discreto

até que foi bem discreto
deixando, ao partir, intenso
muito do seu segredo
nem chegou a tempestade,
esses excessos do vento
foi um corte pequeno
nem dor a mais, nem de menos
foi porque tinha que ir
foi porque tinha que ser
mas está aí a cicatriz
que não deixa mais mentir
se foi ou não foi feliz


Música: Chico César
Letra: Alice Ruiz


Adeus


sexta-feira, 31 de julho de 2009


Ilustração>G.D.Pino

" O que deve fazer alguém que não sabe o que fazer de si?
.
O que me mata é o cotidiano. Eu queria só excessões."
.
"Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes… tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:- E daí? Eu adoro voar!Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração.
Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre"
Clarice Lispector
.
.
.
Impressionante a sagacidade de Clarice Lispector, vi essa segunda frase no MSN da minha amiga Dany... e achei que tinha tudo a ver com o Blog... já possuia alguns textos da Clarice - a qual sempre admirei - , fui então pesquisar mais alguns de seus pensamentos e, ratifiquei que sou fãzona dessa genial e sensivel escritora...
Maravilhas para essa sexta chuvosa e fria ... Filosofar... filosofar...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Instinto óbvio

Hoje agi no impulso animal que teima em vir a tona, que volta e meia aparece de espreita... esperando o momento do bote.
Quando ele vem e fica em minha mente, apesar de perturbador, não machuca ou magoa ninguém, além de mim> Mas quando ele parte pro plano mais concreto da ação, o arrependimento aparece, geralmente logo após apertar a tecla send.
Agora é tarde e a Inês é morta,
já dizia o velho ditado.
Como dominar o animal que vive dentro de nós, como doma-lo, domestica-lo ou exortá-lo pra sempre ?
Como não se deixar consumir pelo fogo das paixões, dos ódios, da tesão? Porque não se deixar levar por águas mais mansas e seguras... tantas perguntas e uma só certeza. A fera hoje estava solta e apertou a tecla send.
Magoei quando devia acolher, mostrei minha mágoa quando deveria ter simplesmente deixado passar. O óbvio está tão na vista, para qualquer um que esteja envolvido ou que por um mero acaso participa, mas a cegueira animal das paixões não nos deixa ver ou perceber que cada um tem seu tempo e seus padrões.
E quando o instinto se torna um padrão repetido vezes e mais vezes em nossas vidas, ferindo e fazendo ferir quem porventura se aventurar nessa roda viva! Ui...complicado isso...
Vamos nos enveredando por teias e o esforço para se ver livre delas é cada vez maior, mais cansativo e brochante.
O famoso meio termo, o equilíbrio que tanto almejamos se faz ruir diante de reações instintivas, provocadoras e manipuladoras.
Então novamente levantamos a cabeça e prosseguimos, jurando a nós mesmos ser mais vigilantes de nossos atos, mais possuidores de sabedoria e indulgencia com o outro, para que consigamos ser, quem sabe um dia, pessoas melhores, merecedoras dos planos traçados para nós neste plano.

Termino com meu poeta preferido - Mario Quintana - que exemplifica maravilhosamente essa dualidade e suas consequencias...


Nunca emita uma palavra que possa encantar alguém ,

quando esse não for o seu objetivo .

Nunca envie um carinho se não o sentes dentro de ti.

Nunca desfaça o feito fingindo não tê-lo feito .

Nunca use a sensibilidade de alguém para fazer sorrir o seu ego .

Nunca faça revolução na alma de quem lhe fez bem .

Nunca se esqueça que para ser feliz é preciso não ferir !!!

terça-feira, 28 de julho de 2009


Ela é uma mulher que goza
celestial sublime
isso a torna perigosa
e você não pode nada contra o crime
dela ser uma mulher que goza
você pode persegui-la, ameaçá-la
tachá-la, matá-la se quiser
retalhar seu corpo, deixá-lo exposto
pra servir de exemplo.
É inútil. Ela agora pode resistir
ao mais feroz dos tempos
à ira, ao pior julgamento
repara, ela renasce e brota
nova rosa
Atravessou a história
foi queimada viva, acusada
desceu ao fundo dos infernos
e já não teme nada
retorna inteira, maior, mais larga
absolutamente poderosa.

Bruna Lombardi



segunda-feira, 27 de julho de 2009

Num destes passeios virtuais, encontrei um fã do Blog que, em uma primeira análise, poderia ser considerado a antitese do contexto deste espaço.

Lutador, Sarado, bombado, mas que se revelou um ser onde o óbvio não passa nem perto... mais uma vez... confirmando que "Nem tudo é... o que tudo se parece".

Nem tudo é o q tudo se parece - Pagu - Rita Lee e Zelia Duncan

sábado, 25 de julho de 2009

Conheci esse som na minha ultima estada em Porto Alegre. E como nada é por acaso ... essa música foi a trilha sonora daquele passeio.... veio de encontro a experiência que passei por lá....

Onde o que aconteceu foi o óbvio, um óbvio que eu não queria aceitar nem participar...

Mas não é uma canção triste!!!! É um rock delicioso e surpreendente !

Espero que gostem também.

Ouçam Izmalia

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O óbvio certo!


Um homem, um dia assim disse: - Eu quero tua alma.
Respondi: - Terás o meu corpo ...

O tempo já não existia
Cronos pedira folga,
deixando que os amantes
sem tempo, hora ou segundo
se conhecessem no corpo e n'alma

Momentos únicos eles provaram
em forma e conteúdo
As vezes nem se encaixavam
e em outras encaixavam em tudo

O andar de mãos dadas
As brincadeiras provocantes
O beijo na escada
E depois o gozo estonteante.

E foi assim que os amantes se descobriram
Sem pressa... com toda a calma
No seu corpo Ele encontrou poesia ...
Na sua poesia Ela lhe entregou a alma.