segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

MALVADO




"pois que ardor pecaminoso ateou a essa alma perdida
a fina, a doce ferida

que foi a flor do meu gozo"



[manuel bandeira]







Me algemaste novamente

E foste malvado

Como malvado era o silêncio

Que se impunha....



Me algemaste e me impunha

O prazer solitário

Me olhando com olhos malvados

Ordenou  "Goza minha safada"

me tocando intimamente...



O gozo que se impôs foi pleno

E ofereço-to meus líquidos

O néctar da flor do poeta

Para que bebas de mim

Em mim

Pra mim...

[sm]

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Alice e as paixões


A muito não se ouvia falar de Alice, andava ocupada com um grande projeto de trabalho e seus amores conturbados...

Tive notícias dela há pouco tempo por uma amiga comum, dizendo que Alice era outra pessoa, estava mais alegre, corajosa e estava encarando qualquer parada.

Fui atrás de noticias de nossa amiga e a encontrei, realmente com um brilho diferente nos olhos, naqueles olhos verdes que encantavam e hipnotizavam seus interlocutores. E não era pelas lágrimas que derramou enquanto desabafava. Era um brilho mais profundo, muito íntimo e peculiar.

Alice se apaixonara e chorava por amor, mas ao mesmo tempo ela sorria. Sorria ao lembrar-se de sorrisos, de travessuras, de um sexo perfeito, das indiadas, das poses e fotos e de um pequeno universo de coisas que conheceram e outras que faziam planos de conhecer. Era tão bom lembrar e reviver, que essa euforia a deixava intrigada.

Ela já conhecia essa história, a vivera a meia década atrás quando deixou o amor ir embora pela primeira vez. A história se repetia a sua frente e ela tendia a agir da mesma forma, apesar de saber, hoje, que não tomara a decisão certa há cinco anos.

As coincidências não paravam por aí, contara-me ela. Ambos eram muito mais jovens que ela, tinham lindos cabelos cacheados, ambos levaram bolos nos primeiros encontros... Ambos a amaram de forma inteira e particular. Para ela parecia que suas defesas já estavam atuando desde esse primeiro contato, em que relutava encontrar-se e mostrar-se a eles. Sempre que marcava, algum motivo ela achava pra não comparecer.

Depois que os conhecera entregara-se de tal forma que não os assustava... mas a si mesma.

Angel aparecera na sua vida num período em que Alice decidira que da vida só queria a curtição, nunca se sentira tão livre e dona de si e de seu corpo. Buscava os parceiros que queria na forma e conteúdo que imaginava, isso não lhe era difícil, fugia do amor e da paixão, então nada melhor que variar o cardápio. E nesse cinismo levava a vida, entre festas, camas e bebedeiras.

Na brincadeira resolvera conhecê-lo e o menino mostrou-se um homem inteiro, e ela não acreditava que esse homem poderia ser seu... Ela não tinha o que lhe oferecer a não ser seu corpo sempre receptivo a ele... depois disso só queria estar mais uma e mais uma vez com ele, e sucessivamente foram se entregando em meio a poses, fotos e poesias.

Mas ele continuava um menino, e queria outras experiências, outras vivências, e essa era a idéia que lhe rondava a cabeça, quando ele por algum motivo não lhe respondia as óbvias expectativas de uma mulher apaixonada, embora ainda não soubesse disso.

O medo crescia a cada silencio, a cada aventura, a cada passagem do tempo em que não o via, não o escutava ou não o lia em sua tela. E foram sucedendo-se os dias... E os silêncios insistiam em lhe dizer que o que estava acontecendo já não era uma simples curtição, que seu BB era um homem e que ela o queria mais que devia. Seu corpo sentia a dor do prazer distante, que lhe teimava em queimar o peito, o sexo e garganta.

E mais uma vez Alice apertara o SEND afastando todo aquele prazer de si. Doía sabê-lo longe, mas se agarrava a esperança de sofreria menos agora... antes de se entregar e magoar-se mais ainda.

Mas como queria aquele homem que se confundia em sua cabeça com aquele amor que deixara no passado e que trazia inteiro em sua alma.

Sua alma sorria as lembranças, seu corpo retesava a cada memória do toque, da boca e do cheiro... Ah! Como queria esse homem...

Mas ela apertara a tecla SEND e fugiu dessa paixão... Imaginando de como seria... Melhor nem pensar... Pensou ela





Primeiro foi a musica
a canção fez você sorrir,
e logo a primeira vista
o mundo girou pra mim.
E a paixão é loucura que passa, como um terremoto
com o tempo acalma.
Mas onde você esta?
Onde você esta?


Eu tentei acreditar
que sem você eu viveria.
mas assim o tempo para...
Cada segundo é um dia...
mas a paixão com o tempo passa
como o vento acalma
e ainda quero saber
como você esta?


O quê eu sinto não é de mentira ...
e agora tenho certeza que é pra toda vida...
pra toda vida... você pra toda vida....


Com tantos desencontros
sei que você não me esqueceu...
como seria a nossa vida e tudo aquilo que a gente não viveu
e a paixão é loucura que passa, como um terremoto,
com o tempo acalma,
o amor chegou pra ficar...


O quê eu sinto
não é de mentira
e agora tenho certeza que é pra toda vida....
pra toda vida... você pra toda vida....
O quê eu sinto não é de mentira...
e agora tenho certeza que é pra toda vida...
pra toda vida... pra toda vida...