segunda-feira, 5 de abril de 2010

São Jorge de Ilhéus


Chegara o tão esperado dia, malas prontas e revisadas, ansiedade mantida controlada, cedinho nos encaminhamos ao aeroporto. A luz com que Porto Alegre nos desejou boa viagem era deslumbrante, um sinal de que nossa aventura seria perfeita.

Camile se mostrou a melhor companheira de viagem que alguém poderia ter. Tranquila, bom astral e pronta pro que der e vier, apesar do nervosismo da parte aérea nos divertimos muito, nos horrorizamos com Congonhas onde compramos a Coca Cola mais cara do planeta, rimos de nossa inexperiência, nossa ânsia em fotografar tudo, de nossa curiosidade sobre nosso destino.

A primeira impressão de Ilhéus foi que havíamos entrado num forno quase esgotado de oxigênio, nosso motorista nos recepcionou e nos levou ao hotel em que passaríamos 7 dias de êxtase e felicidade. No caminho nos foi mostrando os locais e nos dando dicas do que fazer na Cidade> Pequena, pacata e paradisíaca Ilhéus.

Num primeiro momento estranhamos que nosso hotel ficasse tão afastado da Cidade, queríamos festas e orgias... E nos encontrávamos numa praia deserta, cercada de rochas e coqueiros, sem vista de uma casa sequer. Era o que nós achávamos. Descobrimos um idílico paraíso, com uma praia particular de águas mornas, paisagens deslumbrantes e muito, muito a descobrir.

A piscina nos chamava para um mergulho, convite mais do que aceito para atenuar o calor e o cansaço que sentíamos e assim ficamos até entrar a noite mais estrelada que meus olhos já viram.


 

A festa Labiata and Blue


Para minha volta a Florianópolis contatei meu amigo Blue, para ver se ele estava a fim de passar uns dias lá na Ilha Mágica como ele se refere só me impôs uma condição que se desvendaria em uma deliciosa noite. Ele levaria meu carro desde que eu comparecesse a uma festa com ele e com sua namorada. Convites aceitos no ato. Passamos o dia a combinar os detalhes e as providências a serem tomadas. Uma nova lingerie, uma produção mais sexy estava ponta para minha estréia no mundo liberal dessa Porto Alegre tão misteriosa. Pontualmente ele chega e demonstra todo seu carinho e saudades pelos anos que estivemos longe um do outro. Fomos pegar Angélica e encontrar o resto do grupo que em caravana iria se afastar da cidade em um recanto paradisíaco e afrodisíaco.

Como toda iniciação, tudo é cercado de muito interesse, ansiedade, curiosidade pelo que vem pela frente, rostos, corpos, bocas tudo atentamente filmado na retina e enviado aos centros de prazer.

Um sítio, muita mata, uma casa, bebidas e descontração. Grupos aqui, outros mais adiante, casais conversam. Procuro achar meu ponto de equilíbrio naquela situação, vendo dois solteiros perto da mesa de sinuca, os convido para jogar, chamamos mais um rapaz e fomos para a mesa de sinuca. Não jogo nada, mal sei pegar no taco, aviso meus parceiros desta minha deficiência o que para eles não importa nada. Calça jeans justa, salto e posições provocantes e a sinuca é uma mera desculpa pro flerte aberto e permitido.

A partir desse momento vi que eu era o delicioso glacê daquele bolo todo, era a estrangeira, a ruiva, e todos queriam saber que eu havia vindo. E eu havia vindo com tudo, decidira que nessas férias iria experimentar todos os sabores que me fossem oferecidos pela vida, e não dispensaria este nem em meus piores pesadelos.

Fui muito amada nessa noite e chamada de Princesa ao fim dela, espero que todos meus súditos tenham se sentido tão feliz como eu. 


E segui livre muitos caminhos
Areando terras provando vinhos
De ter idéias de liberdade,
De ver amor em todas idades.

Nas ruas de Porto Alegre


Embora quisesse fazer deste, um diário de viagem, o que aconteceu neste período foi tão intenso e prazeroso, que eu só tinha tempo de ser feliz, e assim eu fiz. Também desejara escrever no calor do momento, não perdendo assim nenhum detalhe, nenhuma nuance ou mesmo os óbvios cotidianos que nos rondam... Não me foi possível. Então tentarei lhes passar minhas impressões ainda tão vivas e intactas em mim.

Cheguei a Porto Alegre em final de tarde quente e cinza, um cinza que também me vazia falta, pois ele esteve presente em quase toda minha existência, uma cinzenta tarde que não tirava o encantamento da cidade, com seu verde contrastante e seu casario. Mas minha grande impressão dessa etapa da viagem foi dirigir pela minha cidade, ter outros olhos para o meu cotidiano de pedestre e carona. Suasn largas avenidas arborarizadas, trânsito caótico e ordenado de uma grande cidade. É uma delícia dirigir por Porto Alegre, irritante é se perder nela, mas como toda perdição, por vezes nos absolve quando não nos condena.

Combinei uma noitada com Betina, amiga pra todas as indiadas, iriamos a um aniversário e depois cair na night. Resolvemos dar uma volta por Porto Alegre, começando pela boemia Cidade Baixa, que por muitos anos foi o palco onde brilhei e cresci de fato, o charme dos bares da Lima e Silva, os alternativos da Zé do Patrocínio e a muvuca que se transformara a João Alfredo, onde parecia que estávamos em pleno carnaval fora de época. Resolvemos estacionar e percorrer a pé por aquela multidão que tomava as ruas. Sem entender direito que festa era aquela, entramos no primeiro bar que achamos um pouco menos lotado para tomar uma ceva e colocar o papo em dia. Mas o cansaço da viagem, aliado as expectativas do próximo dia, fez com que nossa noite não se estendesse como de praxe. Dirigimos mais um pouco por Porto e nos despedimos felizes por mais um feliz encontro.


Há muito tempo que ando
Nas ruas de um porto não muito alegre
E que, no entanto me traz encantos

 


sexta-feira, 12 de março de 2010

Começo de tudo ...




Começo aqui o que será o registro de minha viagem de férias, a primeira viagem de fato e efeito, aquela que me encontrará mulher, dona da minha vida, meu destino, meu corpo e vontades.

Saímos cedo de Santa Catarina, como ainda não tenho o traquejo necessário para encarar uma estrada como a BR 101, convidei um amigo para nos acompanhar e claro, assumir a direção do "Valente", convite aceito no ato, pois ele estava indo passar uma temporada na Austrália e queria se despedir dos amigos que deixara no sul.

A viagem corre tranqüila, ele é um baita motorista, tanto que nem minha mãe que nos acompanha e me impede de assediar o gato, reclamou de nada.

O papo rola solto na viagem, passando por política, filmes, livros, filmes, namoros e casamentos, num clima descontraído que fez a viagem ser rápida e nada cansativa.

Estamos quase chegando ao nosso 1º destino – Porto Alegre – descobrimos que éramos vizinhos em 18 anos que moramos na cidade, apesar de nunca termos nos visto, que pena, pois realmente ele é um Gato bem querido.

segunda-feira, 8 de março de 2010

O Narrador sai de cena, a palavra de Alice


Alice estava ansiosa, faltavam pouco mais de dois dias para suas tão ansiadas férias. Tinha milhões de coisas a providenciar antes e o tempo urgia.

Mas o que mais lhe tirava o sono era um problema grave herdado do seu último casamento e que demandava uma atenção especial, tirando um pouco do brilho dessa espera.

Em meio a essa turbulência, os planos seguiam a todo vapor, já estava de posse das passagens aéreas, voucher de hotel e a Bahia já lhe esperava de braços abertos como um Cristo receptivo.

O que esperar dessa viagem? Era uma incógnita para a nossa amiga, e isso mais a excitava. Se por um lado tinha poucas ou nenhuma expectativa quanto ao que encontraria por lá, por outro estava aberta e pronta para o que der e vier, e estava tranqüila para curtir o que seria sua primeira grande viagem de férias.

Sua excitação gritava aos olhos, fazia seu corpo se arrepiar e fazia também com que o tempo ora se arrastasse, ora voasse loucamente.

Mas no momento teria que ater-se as providências que teria que tomar.

O jantar de despedida que ela estava programando fecharia com chave de ouro esse enlouquecido período, malas, salão de beleza pros últimos ajustes na figura, sua saída da cidade, um final de semana em Porto Alegre onde reveria amigos e que prometia altas e muitas festas, mas principalmente ficar bem longe de Angel por 20 dias, sem vê-lo, lê-lo ou sabê-lo. O embarque pra Bahia, um mundo novo que se descortinaria a sua frente, novas culturas, tudo a deixavam vibrando como uma corda nova de guitarra.

Toda essa movimentação fez com que Alice resolvesse escrever um Diário de Bordo, não queria perder no frágil fio da memória nada de suas impressões, queria deixar marcado para sempre essa que seria a primeira grade aventura, de muitas – pensava ela.

A partir desse momento, saio de cena para que Alice conte essa história

"Hasta La vista"


 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

In Saudade




Eram 3h30 da manhã, Alice chegara a pouco em casa, depois do que seria o encerramento dos festejos de carnaval, muita praia, festas e bebedeiras era um resumão do que tinha sido seus dias de descanso (?).

Sem sono e com um sentimento grande de vazio, ela começa a meditar sobre esses dez dias de Momo. Aproveitara a "lote", conhecera muitas pessoas, lugares, dera muitas risadas, também chorara... começou lindas amizades, perdeu contato com seu Angel, estava cansada, pois a maratona física fora extenuante. Tudo certo, "maktub", pensa ela. Mas mesmo assim ela não se convence e continua com aquela sensação de quando esquecemos algo ao sairmos de casa, e que sempre se revela verdadeira. Alice passa a sentir, somente sentir a si mesma, tentando obter suas respostas. Ela gosta tanto de saber a verdade de outros e tanta vez esquece-se de ouvir as suas.

Ela se sente sozinha e não por falta de pessoas a sua volta, amigos queridos, propostas tentadoras, praticamente todas preteridas por ela. Seu vazio era sua própria insatisfação pois que, passavam dias, semanas e ela ainda não conseguira esquecer seu Angel. Todo dia acontecia um fato que fazia com que Alice voltasse no tempo e recordasse algum momento seu e dele, não foram tantos assim, mas de alguma forma deixaram marcas indissolúveis nela. Na praia ao passar protetor lembrou-se das mãos dele no seu corpo quando ela o seqüestrou pela primeira vez, resultando lágrimas em uma linda tarde no Campeche e uma bebedeira. Numa boate que queriam conhecer juntos ela o procurou em todos os homens presentes, quando desistiu de sua vã procura, uma mulher entra na sala em que estavam, gritando o nome de seu Angel, acabando logo cedo com sua noite, No aniversário de um dos poucos amigos em comum que conheceram, revendo fotos antigas na máquina de Rita, está lá estampada a energia do primeiro encontro, e a descoberta de que um novo amigo também o conhecia. Fora isso, seu primeiro e último pensamento do dia eram pra ele. Isso a estava deixando louca.

Ela não agüentava mais essa tortura, essa tristeza, essa falta que ele fazia. Não lhe apetecia outros homens, outras bocas ou outros sexos, bem que ela tentou, mas as poucas vezes que conseguiu ir adiante foram uma forma de alimentar a Loba dentro dela, mas a deixavam mais insatisfeita ainda, e ela acabara desistindo dessa busca. Ela queria mais, queria corpo e espírito, queria um corpo em específico, queria uma alma distinta que tanto adorava... Queria Angel, um Angel livre, com suas próprias asas, voltando para os braços de sua amada, como na música da Blitz. Mas isso não era mais possível, e se por um lado uma vozinha dizia "tudo é possível" outra retrucava... "algumas mágoas tornam impossíveis". Enquanto uma sussurrava "acredite" a outra gritava:

VOCÊ PRECISA DORMIR!!! E aborrecida lhe aconselha: Chega de lamentações. "maktub", reflita! É uma questão de tempo, saiba que isso vai passar, tudo é muito recente, mas ao mesmo tempo é tão definitivo. Pensa que Cronos mais uma vez lhe pede paciência e lhe mostra que já são 4h30 da manhã de um dia longo de trabalho.


 

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A óbvia arte da... curiosidade!


Alice já passara da fase do chororô, queria novamente respostas. As que tinha já não lhe bastavam e, os sinais cheios de interferências que Angel mandava, ela não conseguia traduzir.

Depois de mais uma noite solitária, cheia de excitação e saudade ela teve a brilhante idéia de como conseguiria extrair respostas aos seus mais íntimos questionamentos.

Qual o sentimento? Quais as intenções? A que ponto havia certo envolvimento e cumplicidade nessa relação (?).

Acordou com um plano pronto na sua cabeça, como se houvesse sido planejado em sonho. Armou-se de informações, pistas e provas. Como Alice, certamente ela não conseguiria extrair nenhuma informação diretamente dele, amigos em comum, poucos tinham e, não eram pessoas mais indicadas para isso.

Criou a criatura, linda, inteligente, gostosa com lindos olhos azuis e um sorriso deslumbrante. Jogou a isca para que Angel já de inicio mostrasse suas garras. Seu único medo era denunciar-se na forma de escrever ou expressar sentimentos e vontades. 
Mas, como prevera, em dois dias veio à resposta. Ele ficara interessadíssimo naquela princesa, tão ansiosa por contatos em Florianópolis para, juntos, fazerem uma ótima folia de momo. Junto com a resposta veio em anexo um álbum de fotos reveladoras, fotos que Alice conhecia bem, pois muitas delas fora a sua visão do objeto amado.

Próximo passo? Um email apresentando Millye e algumas poucas fotos. Resposta instantanea de Angel, mais encantado ainda. Trocaram MSN, o que facilitaria o contato. Papo vai, papo vem... Alice conseguia aos poucos descobrir mais coisas a respeito de Angel do que nos meses que estiveram juntos. Sobre ela foi fácil, só uma especulação breve e ele abriu o jogo. Se dizendo muito chateado, pois Alice além de não ter acreditado nele, ainda aprontou com outros amigos, numa noite que seria a especial entre os dois, cavando desse modo o poço que já era fundo, num buraco sem fundo.

Mas o golpe final, para Alice, foi quando ele começou a contar particularidades sobre os dois, o que eles faziam, do que ela gostava, intimidades que assim como ele partilhara com a estranha, poderia partilhar com qualquer pessoa que tocasse nesses assuntos. Não bastassem as revelações, outro email ele mandara, recheados de fotos dos dois juntos em momentos íntimos, fotos que para Alice tinham certo peso amoroso, visto que eram momentos únicos que partilharam.

Aquele descaso deixou Alice triste e com raiva e, a curiosidade transformou-se em vingança. Apesar de saber que tinha que parar por aí, senão as coisas poderiam ficar perigosas, continuou com o plano. Marcou encontro, pegou telefone, atiçou o seu Angel para outra. 
Mas ela sabia que era ela ali, que fazia as propostas, que incitava a curiosidade, que o mantinha preso na armadilha, ela sabia como fazê-lo, conhecia seu Angel, só não imaginava que o ego e a ingenuidade do seu amado, não o deixariam ver que tinha tanto de Alice naqueles diálogos, na sua insistência em conhecer Alice, na sua vontade dele.

Ante toda a insistência de Millye, Angel resolvera entrar em contato com Alice, propondo que os três saíssem juntos, contou que havia uma mineirinha que adoraria conhecê-los e ter alguns momentos sensuais e agradáveis com eles. Já sabendo de toda história Alice especulou com ele sobre o que ela sabia sobre ela, como chegara até ali e principalmente o que ele falara para a menina. No ato Angel dissimulou e disse que nada falara e que ela não sabia nada sobre Alice. 
Nesse momento acabara toda e qualquer esperança que Alice tinha sobre Angel e de seu envolvimento com ela. Recusou o convite de sair e ainda de quebra inventou mais um amigo em comum que a levaria até Millye caso ela mesma, quisesse mesmo conhecer a mineirinha.

Pouco tempo, ainda com a raiva fervendo dentro dela, Alice entrou em contato com Angel, pedindo explicações do porquê ele havia mandado tantas fotos dela para essa menina que ela nem conhecera e com que motivo havia feito comentários tão íntimos com essa pessoa que nem ele conhecia. Resposta prontamente recebida com mil pedidos de desculpa, a promessa de que suas fotos seriam deletadas para não haver mais risco de que isso acontecesse de novo. Ratificava o carinho que sentia por Alice de forma tão integra, mas ao mesmo tempo tão distante.

Alice ficara pensando, será que os homens imaginavam que mesmo para uma mulher madura como ela, que gostava de sexo e não tinha medo nem vergonha disso, não existia sentimento, mesmo que ela não estivesse apaixonada, uma mulher assim não pode sentir e magoar-se? Essa pergunta pairava no ar, para Alice o bom sexo tinha que ter envolvimento entre as pessoas, tinha que haver uma empatia e sintonia especiais para que o momento também assim o fosse, e que sexo por sexo, já não era o que importava. Mas Angel estava começando a descobrir a vida, e não queria perder uma gota desse néctar que se apresentara para ele sobre todas as formas de prazer. Embora isso fosse sabido, talvez a cegueira da paixão não deixou Alice ver ou perceber isso.

Mas esse jogo já era quase findo, já tinha as respostas que tanto buscava, já sabia que para Angel, ela era só mais uma carne exposta pronta pro abate. Ele realmente cumprira a promessa, todas as fotos em que ela aparecia foram deletadas, rastros apagados e ela não existia mais na vida de Angel.

Arrependida, o convida para conversarem e colocassem os pingos nos "is" para que somente as boas lembranças, e essas sim eram deliciosas, ficassem intactas. Terminou sua mensagem dizendo que se ele não quisesse mais a ver, mandasse uma mensagem com a palavra "ESQUEÇA!" que ela entenderia a mensagem e nunca mais o procuraria. 
Angel já tinha outros planos e Alice não estava inclusa em nenhum, pelo menos sem que Millye estivesse presente. E embora ele não houvesse conseguido escrever a simples mensagem decifrada, a conversa foi adiada para depois dele se deleitar em noites de orgia e prazer. Alice ficara no ar, novamente... analisando sinais enviados e não compreendidos.
Essa conversa nunca aconteceria, ele voltara revoltadíssimo do carnaval, estava furioso com Alice e não queria contato mais algum. O que houve? Não se sabe, ou talvez esse relato de Alice seja o motivo de tudo. Para Alice ficara a lição de que em alguns casos, uma total sintonia sexual não era a garantia de um caso de amor.

 


 


 


 


 


 


 


 


 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

MALVADO




"pois que ardor pecaminoso ateou a essa alma perdida
a fina, a doce ferida

que foi a flor do meu gozo"



[manuel bandeira]







Me algemaste novamente

E foste malvado

Como malvado era o silêncio

Que se impunha....



Me algemaste e me impunha

O prazer solitário

Me olhando com olhos malvados

Ordenou  "Goza minha safada"

me tocando intimamente...



O gozo que se impôs foi pleno

E ofereço-to meus líquidos

O néctar da flor do poeta

Para que bebas de mim

Em mim

Pra mim...

[sm]

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Alice e as paixões


A muito não se ouvia falar de Alice, andava ocupada com um grande projeto de trabalho e seus amores conturbados...

Tive notícias dela há pouco tempo por uma amiga comum, dizendo que Alice era outra pessoa, estava mais alegre, corajosa e estava encarando qualquer parada.

Fui atrás de noticias de nossa amiga e a encontrei, realmente com um brilho diferente nos olhos, naqueles olhos verdes que encantavam e hipnotizavam seus interlocutores. E não era pelas lágrimas que derramou enquanto desabafava. Era um brilho mais profundo, muito íntimo e peculiar.

Alice se apaixonara e chorava por amor, mas ao mesmo tempo ela sorria. Sorria ao lembrar-se de sorrisos, de travessuras, de um sexo perfeito, das indiadas, das poses e fotos e de um pequeno universo de coisas que conheceram e outras que faziam planos de conhecer. Era tão bom lembrar e reviver, que essa euforia a deixava intrigada.

Ela já conhecia essa história, a vivera a meia década atrás quando deixou o amor ir embora pela primeira vez. A história se repetia a sua frente e ela tendia a agir da mesma forma, apesar de saber, hoje, que não tomara a decisão certa há cinco anos.

As coincidências não paravam por aí, contara-me ela. Ambos eram muito mais jovens que ela, tinham lindos cabelos cacheados, ambos levaram bolos nos primeiros encontros... Ambos a amaram de forma inteira e particular. Para ela parecia que suas defesas já estavam atuando desde esse primeiro contato, em que relutava encontrar-se e mostrar-se a eles. Sempre que marcava, algum motivo ela achava pra não comparecer.

Depois que os conhecera entregara-se de tal forma que não os assustava... mas a si mesma.

Angel aparecera na sua vida num período em que Alice decidira que da vida só queria a curtição, nunca se sentira tão livre e dona de si e de seu corpo. Buscava os parceiros que queria na forma e conteúdo que imaginava, isso não lhe era difícil, fugia do amor e da paixão, então nada melhor que variar o cardápio. E nesse cinismo levava a vida, entre festas, camas e bebedeiras.

Na brincadeira resolvera conhecê-lo e o menino mostrou-se um homem inteiro, e ela não acreditava que esse homem poderia ser seu... Ela não tinha o que lhe oferecer a não ser seu corpo sempre receptivo a ele... depois disso só queria estar mais uma e mais uma vez com ele, e sucessivamente foram se entregando em meio a poses, fotos e poesias.

Mas ele continuava um menino, e queria outras experiências, outras vivências, e essa era a idéia que lhe rondava a cabeça, quando ele por algum motivo não lhe respondia as óbvias expectativas de uma mulher apaixonada, embora ainda não soubesse disso.

O medo crescia a cada silencio, a cada aventura, a cada passagem do tempo em que não o via, não o escutava ou não o lia em sua tela. E foram sucedendo-se os dias... E os silêncios insistiam em lhe dizer que o que estava acontecendo já não era uma simples curtição, que seu BB era um homem e que ela o queria mais que devia. Seu corpo sentia a dor do prazer distante, que lhe teimava em queimar o peito, o sexo e garganta.

E mais uma vez Alice apertara o SEND afastando todo aquele prazer de si. Doía sabê-lo longe, mas se agarrava a esperança de sofreria menos agora... antes de se entregar e magoar-se mais ainda.

Mas como queria aquele homem que se confundia em sua cabeça com aquele amor que deixara no passado e que trazia inteiro em sua alma.

Sua alma sorria as lembranças, seu corpo retesava a cada memória do toque, da boca e do cheiro... Ah! Como queria esse homem...

Mas ela apertara a tecla SEND e fugiu dessa paixão... Imaginando de como seria... Melhor nem pensar... Pensou ela





Primeiro foi a musica
a canção fez você sorrir,
e logo a primeira vista
o mundo girou pra mim.
E a paixão é loucura que passa, como um terremoto
com o tempo acalma.
Mas onde você esta?
Onde você esta?


Eu tentei acreditar
que sem você eu viveria.
mas assim o tempo para...
Cada segundo é um dia...
mas a paixão com o tempo passa
como o vento acalma
e ainda quero saber
como você esta?


O quê eu sinto não é de mentira ...
e agora tenho certeza que é pra toda vida...
pra toda vida... você pra toda vida....


Com tantos desencontros
sei que você não me esqueceu...
como seria a nossa vida e tudo aquilo que a gente não viveu
e a paixão é loucura que passa, como um terremoto,
com o tempo acalma,
o amor chegou pra ficar...


O quê eu sinto
não é de mentira
e agora tenho certeza que é pra toda vida....
pra toda vida... você pra toda vida....
O quê eu sinto não é de mentira...
e agora tenho certeza que é pra toda vida...
pra toda vida... pra toda vida...