segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

In Saudade




Eram 3h30 da manhã, Alice chegara a pouco em casa, depois do que seria o encerramento dos festejos de carnaval, muita praia, festas e bebedeiras era um resumão do que tinha sido seus dias de descanso (?).

Sem sono e com um sentimento grande de vazio, ela começa a meditar sobre esses dez dias de Momo. Aproveitara a "lote", conhecera muitas pessoas, lugares, dera muitas risadas, também chorara... começou lindas amizades, perdeu contato com seu Angel, estava cansada, pois a maratona física fora extenuante. Tudo certo, "maktub", pensa ela. Mas mesmo assim ela não se convence e continua com aquela sensação de quando esquecemos algo ao sairmos de casa, e que sempre se revela verdadeira. Alice passa a sentir, somente sentir a si mesma, tentando obter suas respostas. Ela gosta tanto de saber a verdade de outros e tanta vez esquece-se de ouvir as suas.

Ela se sente sozinha e não por falta de pessoas a sua volta, amigos queridos, propostas tentadoras, praticamente todas preteridas por ela. Seu vazio era sua própria insatisfação pois que, passavam dias, semanas e ela ainda não conseguira esquecer seu Angel. Todo dia acontecia um fato que fazia com que Alice voltasse no tempo e recordasse algum momento seu e dele, não foram tantos assim, mas de alguma forma deixaram marcas indissolúveis nela. Na praia ao passar protetor lembrou-se das mãos dele no seu corpo quando ela o seqüestrou pela primeira vez, resultando lágrimas em uma linda tarde no Campeche e uma bebedeira. Numa boate que queriam conhecer juntos ela o procurou em todos os homens presentes, quando desistiu de sua vã procura, uma mulher entra na sala em que estavam, gritando o nome de seu Angel, acabando logo cedo com sua noite, No aniversário de um dos poucos amigos em comum que conheceram, revendo fotos antigas na máquina de Rita, está lá estampada a energia do primeiro encontro, e a descoberta de que um novo amigo também o conhecia. Fora isso, seu primeiro e último pensamento do dia eram pra ele. Isso a estava deixando louca.

Ela não agüentava mais essa tortura, essa tristeza, essa falta que ele fazia. Não lhe apetecia outros homens, outras bocas ou outros sexos, bem que ela tentou, mas as poucas vezes que conseguiu ir adiante foram uma forma de alimentar a Loba dentro dela, mas a deixavam mais insatisfeita ainda, e ela acabara desistindo dessa busca. Ela queria mais, queria corpo e espírito, queria um corpo em específico, queria uma alma distinta que tanto adorava... Queria Angel, um Angel livre, com suas próprias asas, voltando para os braços de sua amada, como na música da Blitz. Mas isso não era mais possível, e se por um lado uma vozinha dizia "tudo é possível" outra retrucava... "algumas mágoas tornam impossíveis". Enquanto uma sussurrava "acredite" a outra gritava:

VOCÊ PRECISA DORMIR!!! E aborrecida lhe aconselha: Chega de lamentações. "maktub", reflita! É uma questão de tempo, saiba que isso vai passar, tudo é muito recente, mas ao mesmo tempo é tão definitivo. Pensa que Cronos mais uma vez lhe pede paciência e lhe mostra que já são 4h30 da manhã de um dia longo de trabalho.


 

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões

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