quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O nada óbvio romance de Leo, Gata e Aranha



Peço licença para Alice para contar a história de Léo, D.Gata e D.Aranha. Sim, acertou quem pensou que era uma história ecológica. Leo era uma eremita que tinha em seu território tudo o que queria: lar, amigos bichos, natureza e paz. D.Aranha tecia uma aranha gigantesca a fim de aprisionar e proteger Leo dele mesmo, ao que chamava amor. E D.Gata era uma mulher de muitos amantes, e alguns amores, Leo foi um deles.

Leo e D.Gata se conhecem a mille anni, ainda eram jovens, ambos casados, e cheios de excitação de viver. Dos despretensiosos primeiros contatos, nascera uma parceria de trabalho, que se transformaria em amizade e admiração e, que por fim acabaria em um tórrido romance que fazia com que eles se quisessem sempre, cada vez mais, não importando os anos, se eram casados, se estavam fugidos. Só queriam estar juntos em camas quentes e/ou deliciosos almoços.

Mas Leo era casado, mais do que casado, ele tinha um pacto com D.Aranha, um mal necessário que o protegia dos seus instintos mais animais, e com isso se enredava cada vez mais nas teias que ela tão bem tecia. E durante todo esse tempo, que já não eram contados em anos e sim em encontros memoráveis, eles continuavam se querendo. Já não eram tão jovens, já separaram e casaram novamente, D.Gata partira e D.Aranha respirava mais aliviada. Contudo, a paixão que sentiam os impeliam a ficar juntos. A tranquilade, pacto dos amantes, foi posta à prova.
Após todos esses anos D.Aranha adquirira faro para gatos e Leo foi ficando cada vez mais preso nas teias que tudo sabia, celular? E-mail? Nada passava pela elaborada teia tecida sem que ela soubesse.
O conflito estava armado.
Cada vez mais difíceis de aconteceram, os encontros iam da expectativa que os consumia e precediam à frustração do desencontro, o que os torturava.

Embora D.Gata soubesse que Leo não era fiel e que dedicava atenções especiais à esposa e às outras amantes, ela estava impaciente para encontrá-lo, não queria entrar na teia, mas continuava querendo Leo.

Leo que sabia que D.Gata nunca o colocaria em risco, que ela era seu porto seguro, sua paz e seu gozo mais querido e sentido, aguardava cenas dos próximos capítulos, enclausurado em seu castelo ricamente tecido e protegido por uma D.Aranha que subia pelas paredes a cada miado ouvido ou pressentido.

Chegara a hora de dizer adeus, D.Gata sabia, Leo sabia e D.Aranha continuava subindo pelas paredes.
Foi um adeus frio, distante, através de mensagens que até hoje estão presas em teias de intrigas tecidas pela Aranha.

Melhor assim, pensou Leo.

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