domingo, 22 de novembro de 2009

Um lindo Anjo Negro




Alice se propusera, e sempre que isso acontecia, ela mergulhava de cabeça e ia até o fim.
Uma noite diferente de todas as vividas, era só o que ela queria, uma experiência inesquecível e principalmente para colocar a prova a nova Alice renascida.
Visual repaginado, dona do seu próprio destino, apesar de que sua alma ainda resistia a esse renascimento, ela decidiu sair, dar uma volta e acabar no bar dos seus amigos solidários que já a conheciam e inclusive já a salvaram de embaraços maiores.
Um banho relaxante, veste-se despretensiosamente e estranha a estranha que a mira no espelho. Exagerara no cabeleireiro, pensa ela, enquanto sorri com pesar para aquela Alice do outro lado do espelho. Pronta e satisfeita com o resultado, pega as chaves do seu "Valente" e segue pelas ruas da sua bucólica cidade adotada. Já há certo movimento da noite local. Essa sua primeira saída à deixa extremamente excitada e nesse astral entra no bar, irradiando uma energia extra ao lugar, ela não se apercebe disso, estava excitada demais.
Foi pro cantinho do bar, pediu uma cerveja, escutando a sofrível banda que se apresentava.
Alice se perguntava o que faz uma mulher, sozinha num bar, como deveria agir, como se portar, ela não tinha nem idéia. Beber estava fora dos planos, a banda não ajudava a levantar o astral. O que faço ?... Teimava ela
Ir embora? Ficar? Fazer o que ? Alice suspira, acende um cigarro, isso pelo menos, ocuparia suas mãos e seu pulmão, debochando dela mesma.
Pediu a Jorge, o garçom do bar, papel e caneta e pos-se a rabiscar bobagens no papel.
É quando um homem com seus 30 anos para ao se lado e lhe interroga:
- O q está fazendo?
- Escutando música, responde ela apontando pra banda.
- Digo isso, apontando pros seus rabiscos.
- Rabiscando bo... quando é interrompida por Jorge solicitando o pedido do rapaz.
- Campari e limão, derrete-se ele olhando Jorge. O que nos faz um olhar para o outro imediatamente.
Antes de sair do bar ele para nas minhas costas e diz:
- Diz pra ele que a rodela é bem fininha..., pede ele, que com a parada abrupta da banda, se faz ecoar pelo bar, fazendo com que nós tivéssemos que refrear uma gargalhada em alto e bom som.
- A noite começou bem, ela comenta com Jorge ainda as gargalhadas. É quando ela o vê entrar. Um anjo, lindo, alto, negro, parecia um ator de TV, sua postura, suas roupas, tudo denotava uma grande segurança e presença. Um lindo Anjo Negro.
Jorge o acompanha para uma mesa no deck, o que deixava Alice sem foco.
Mais um cigarro, um gole de cerveja e ela volta aos seus rabiscos. Um globo de luz começa a girar no bar agora sem musica, só as vozes e aquelas estrelas que insistem em piscar no chão negro e em pouco tempo já esquecera a visão que teve.
Tempo depois Jorge chega para lhe entregar um torpedo, dizendo que Alice era a mulher mais bonita do bar, e que ele e os amigos gostariam de pagar uma bebida para ela.
Rindo, ela olhou em volta e viu que só havia ela e mais umas duas garotas acompanhadas no bar, o que deixou a situação mais engraçada ainda.
Mas Jorge nem lhe dera tempo de responder o torpedo, pois ele já tinha a resposta pronta e já dita – De que se ele quisesse lhe pagar bebida que fosse até onde Alice estava e ali se conhecessem... Rindo os dois acordaram de que havia sido uma bela resposta.
Algum tempo após esse episódio, dois rapazes se aproximaram e Alice imaginara que teria partido de algum deles o bilhetinho. Um deles inclusive se apresenta e beija a mãe de Alice, mas não faz menção nenhuma em ficar ali com ela. Aliviada Alice volta pros seus rabiscos, quando sente que alguém a está encarando logo ali ao seu lado, era ele, o lindo Anjo Negro que ela havia visto entrar.
Senta-se ao seu lado e logo entabula uma conversa, ou um monólogo, porque Alice, não consegue o ouvir direito por causa do som alto da banda que desafiava tocar mais um pouco, e se conseguisse também ficaria calada... só o ouvindo, a noite toda.
Alice o convida para o deck, para que possam conversar de fato.
Ele não era da cidade, aliás, estava bem longe de casa, a trabalho e iria embora no outro dia, contou quase toda a sua vida longe dali, falaram de cinema, musica, sobre a cidade dele, sempre olho no olho, face to face. Em nenhum momento ele a deixou em dúvida quanto ao seu interesse, de como estava gostando daquele encontro e de quanto ele queria lhe beijar.
Alice estava com a mente num redemoinho, uma de suas proposições da noite era não se deixar levar e acabar na cama de um desconhecido que noutro dia iria ignorá-la completamente, estava ainda muito magoada pelos últimos acontecimentos e ela queria mudar isso. Mas ao mesmo tempo como resistir a um Lindo Anjo Negro e ele iria embora da cidade no outro dia.
Ela conseguiu se conter e quando havia menos freqüentadores no bar ainda, eles resolveram que já era à hora. Alice ofereceu uma carona até o seu hotel e ele aceitou no ato.
Apesar de Alice perceber que tudo nele era muito certinho, muito presumível arquitetado até, ela imaginou que o interesse nela era real, apesar do seu jeito conquistador.
Antes Alice o leva a um passeio de carro até a beira do mar, ela queria ficar mais um pouco com ele, mas ainda estava em dúvida em como essa noite iria terminar. Estacionou o carro e de frente para o mar ele a beija, um beijo delicioso, quente e macio, acabando no ato com todas as dúvidas de Alice e fazendo com que uma urgência antes não sentida a fizesse ligar o carro e o levar de volta.
Realmente tiveram uma excitante e prazerosa noite. Com fatos consumados no ato e muito carinho um pelo outro. Despediram-se com muitos beijos e ele lhe avisou que partiria dali a 11 horas e que ficaria muito feliz se ela fosse o encontrar antes para despedirem mais uma vez. Com um sorriso e mais uns beijos Alice se despediu do Anjo.
Acordou no outro dia com uma sensação de sonho bom, de estar inteira depois de uma experiência que ela não queria mais repetir e que a estava deixando oca.
Cronos nesse dia foi seu pior inimigo, enquanto as horas passavam e Alice arranjava mil e uma desculpas para ir e umas cem para não ir.
Ela não foi. Ficou em casa entocada vendo as horas partirem junto com o Anjo.

Nei Lisboa - Pra te lembrar


Que que eu vou fazer pra te esquecer?




Sempre que já nem me lembro


Lembras pra mim


Cada sonho teu me abraça ao acordar


Como um anjo lindo


Mais leve que o ar


Tão doce de olhar


Que nem um adeus pode apagar.






Que que eu vou fazer pra te deixar?


Sempre que eu apresso o passo


Passas por mim


E um silêncio teu me pede pra voltar


Ao te ver seguindo


Mais leve que o ar


Tão doce de olhar


Que nem um adeus pode apagar.






Cada sonho teu me abraça ao acordar


Como um anjo lindo


Mais leve que o ar


Tão doce de olhar


Que nem um adeus pode apagar






O quê que eu vou fazer pra te lembrar?


Como tantos que eu conheço


E esqueço de amar


Em que espelho teu


Sou eu que vou estar?


A te ver sorrindo


Mais leve que o ar


Tão doce de olhar


Que nem um adeus vai apagar.






Mais leve que o ar


Tão doce de olhar


Que nem um adeus vai apagar.

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